terça-feira, 20 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
A avó, que tem oitenta anos, Está tão fraca e velhinha! . . . Teve tantos desenganos! Ficou branquinha, branquinha, Com os desgostos humanos. Hoje, na sua cadeira, Repousa, pálida e fria, Depois de tanta canseira: E cochila todo o dia, E cochila a noite inteira. Às vezes, porém, o bando Dos netos invade a sala . . . Entram rindo e papagueando: Este briga, aquele fala, Aquele dança, pulando . . . A velha acorda sorrindo, E a alegria a transfigura; Seu rosto fica mais lindo, Vendo tanta travessura, E tanto barulho ouvindo. Chama os netos adorados, Beija-os, e, tremulamente, Passa os dedos engelhados, Lentamente, lentamente, Por seus cabelos, doirados. Fica mais moça, e palpita, E recupera a memória, Quando um dos netinhos grita: "Ó vovó! conte uma história! Conte uma história bonita!" Então, com frases pausadas, Conta historias de quimeras, Em que há palácios de fadas, E feiticeiras, e feras, E princesas encantadas . . . E os netinhos estremecem, Os contos acompanhando, E as travessuras esquecem, — Até que, a fronte inclinando Sobre o seu colo, adormecem . . .
Olavo Bilac A Boneca Deixando a bola e a peteca, Com que inda há pouco brincavam, Por causa de uma boneca, Duas meninas brigavam. Dizia a primeira: "É minha!" — "É minha!" a outra gritava; E nenhuma se continha, Nem a boneca largava. Quem mais sofria (coitada!) Era a boneca. Já tinha Toda a roupa estraçalhada, E amarrotada a carinha. Tanto puxaram por ela, Que a pobre rasgou-se ao meio, Perdendo a estopa amarela Que lhe formava o recheio. E, ao fim de tanta fadiga, Voltando à bola e à peteca, Ambas, por causa da briga, Ficaram sem a boneca . . .
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * Olavo Bilac O Tempo Sou o Tempo que passa, que passa, Sem princípio, sem fim, sem medida! Vou levando a Ventura e a Desgraça, Vou levando as vaidades da Vida! A correr, de segundo em segundo, Vou formando os minutos que correm . . . Formo as horas que passam no mundo, Formo os anos que nascem e morrem. Ninguém pode evitar os meus danos . . . Vou correndo sereno e constante: Desse modo, de cem em cem anos Formo um século, e passo adiante. Trabalhai, porque a vida é pequena, E não há para o Tempo demoras! Não gasteis os minutos sem pena! Não façais pouco caso das horas!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * Cleonice Rainho Infância Sou pequeno e penso em coisas grandes: pomares e mais pomares, jardins de flores e flores e pelas montanhas e vales grama verdinha e bosques, com milhões de árvores e asas de passarinhos. Rios e mares de peixes — aquários largos e livres — ar dos campos e praias, a manhã trazendo o dia com o sol da esperança e a noite de sonhos lindos, nuvens calmas, lua e astros, minhas mãos pegando estrelas neste céu de doce infância. E pelas estradas claras meu cavalinho veloz no galopar mais feliz: — eu e ele sorrindo, levando nosso cristal para os meninos do mundo.
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Brancas Azuis Amarelas E pretas Brincam Na luz As belas Borboletas Borboletas brancas São alegres e francas. Borboletas azuis Gostam muito de luz. As amarelinhas São tão bonitinhas! E as pretas, então . . . Oh, que escuridão!
Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque na casa Não tinha parede Ninguém podia Fazer pipi Porque penico Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero Na Rua dos Bobos Número Zero.
Bom-dia, Pingüim Onde vai assim Com ar apressado? Eu não sou malvado Não fique assustado Com medo de mim. Eu só gostaria De dar um tapinha No seu chapéu de jaca Ou bem de levinho Puxar o rabinho Da sua casaca.
Mas que amor de cachorrinha! Mas que amor de cachorrinha! Pode haver coisa no mundo Mais branca, mais bonitinha Do que a tua barriguinha Crivada de mamiquinha? Pode haver coisa no mundo Mais travessa, mais tontinha Que esse amor de cachorrinha Quando vem fazer festinha Remexendo a traseirinha?
Com um lindo salto Lesto e seguro O gato passa Do chão ao muro Logo mudando De opinião Passa de novo Do muro ao chão E pega corre Bem de mansinho Atrás de um pobre De um passarinho Súbito, pára Como assombrado Depois dispara Pula de lado E quando tudo Se lhe fatiga Toma o seu banho Passando a língua Pela barriga.
Sempre que o sol Pinta de anil Todo o céu O girassol Fica um gentil Carrossel. O girassol é o carrossel das abelhas. Pretas e vermelhas Ali ficam elas Brincando, fedelhas Nas pétalas amarelas. — Vamos brincar de carrossel, pessoal? — "Roda, roda, carrossel Roda, roda, rodador Vai rodando, dando mel Vai rodando, dando flor". — Marimbondo não pode ir que é bicho mau! — Besouro é muito pesado! — Borboleta tem que fingir de borboleta na entrada! — Dona Cigarra fica tocando seu realejo! — "Roda, roda, carrossel Gira, gira, girassol Redondinho como o céu Marelinho como o sol". E o girassol vai girando dia afora . . . O girassol é o carrossel das abelhas.
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